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Oxaguiã (em iorubá: òṣà ògìnyán), na mitologia iorubá, é um jovem guerreiro, seria filho de Oxalufã, identificado no jogo do merindilogum pelo odu ejionilê e representado materialmente e imaterial pelo candomblé, através do assentamento sagrado denominado ibá de Oxaguiã. Seu templo principal é em Ejibô, estado de Oxum, onde ostenta o título de Elejibô (Eléèjìgbó), ou Rei de Ejibô.
Em Lendas Africanas dos Orixás, Pierre Fatumbi Verger conta uma das lendas que Oxaguiã teria nascido em Ifé, bem antes de seu pai tornar-se o rei de Ifã. Oxaguiã, valente guerreiro, desejou, por sua vez, conquistar um reino. Partiu, acompanhado de seu amigo Auolejê. Oxaguiã não tinha ainda este nome. Chegou num lugar chamado Ejibô e aí tornou-se Elejibô (Rei de Ejibô). Oxaguiã tinha uma grande paixão por inhame pilado, comida que os iorubás chamam iã. Elejibô comia deste iã a todo momento; comia de manhã, ao meio-dia e depois da sesta; comia no jantar e até mesmo durante a noite, se sentisse vazio seu estômago! Ele recusava qualquer outra comida, era sempre iyan que devia ser-lhe servido.
Chegou ao ponto de inventar o pilão para que fosse preparado seu prato predileto. Impressionados pela sua mania, os outros orixás deram-lhe um codinome: Oxaguiã, que significa "Orixá-comedor-de-inhame-pilado", e assim passou a ser chamado.
Auolejê, seu companheiro, era babalaô, um grande adivinho, que o aconselhava no que devia ou não fazer. Certa ocasião, Auoledjê aconselhou a Oxaguiã oferecer: dois ratos de tamanho médio; dois peixes, que nadassem majestosamente; duas galinhas, cujo fígado fosse bem grande; duas cabras, cujo leite fosse abundante; duas cestas de caramujos e muitos panos brancos. Disse-lhe, ainda, que se ele seguisse seus conselhos, Ejibô, que era então um pequeno vilarejo dentro da floresta, tornar-se-ia, muito em breve, uma cidade grande e poderosa e povoada de muitos habitantes.
Depois disso Auolejê partiu em viagem a outros lugares. Ejibô tornou-se uma grande cidade, como previra Auolejê. Ela era arrodeada de muralhas com fossos profundos, as portas fortificadas e guardas armados vigiavam suas entradas e saídas.
Havia um grande mercado, em frente ao palácio, que atraía, de muito longe, compradores e vendedores de mercadorias e escravos. Elejibô vivia com pompa entre suas mulheres e servidores. Músicos cantavam seus louvores. Quando falava-se dele, não se usava seu nome jamais, pois seria falta de respeito. Era a expressão Kabiyesi, isto é, Sua Majestade, que deveria ser empregada.
Ao cabo de alguns anos, Auolejê voltou. Ele desconhecia, ainda, o novo esplendor de seu amigo. Chegando diante dos guardas, na entrada do palácio, Auolejê pediu, familiarmente, notícias do "Comedor-de-inhame-pilado". Chocados pela insolência do forasteiro, os guardas gritaram: "Que ultraje falar desta maneira de Kabiyesi! Que impertinência! Que falta de respeito!" E caíram sobre ele dando-lhe pauladas e cruelmente jogaram-no na cadeia.
Auolejê, mortificado pelos maus tratos, decidiu vingar-se, utilizando sua magia. Durante sete anos a chuva não caiu sobre Ejibô, as mulheres não tiveram mais filhos e os cavalos do rei não tinham pasto. Elejibô, desesperado, consultou um babalaô para remediar esta triste situação. "Kabiyesi, toda esta infelicidade é consequência da injusta prisão de um dos meus confrades! É preciso soltá-lo, Kabiyesi! É preciso obter o seu perdão!"
Auolejê foi solto e, cheio de ressentimento, foi-se esconder no fundo da mata. Elejibô, apesar de rei tão importante, teve que ir suplicar-lhe que esquecesse os maus tratos sofridos e o perdoasse.
"Muito bem! - respondeu-lhe. Eu permito que a chuva caia de novo, Oxaguiã, mas tem uma condição: Cada ano, por ocasião de sua festa, será necessário que você envie muita gente à floresta, cortar trezentos Atori. Os habitantes de Ejibô, divididos em dois campos, deverão golpear-se, uns aos outros, até que estas varetas estejam gastas ou quebrem-se".
Desde então, todos os anos, no fim da seca, os habitantes de dois bairros de Ejibô, aqueles de Ixalê Oxolô e aqueles de Oquê Mapô, batem-se todo um dia, em sinal de contrição e na esperança de verem, novamente, a chuva cair.
A lembrança deste costume conservou-se através dos tempos e permanece viva, também, na Bahia.
Por ocasião das cerimônias em louvor a Oxaguiã, as pessoas batem-se umas nas outras, com leves golpes de vareta... e recebem, em seguida, uma porção de inhame pilado, enquanto Oxaguiã vem dançar com energia, trazendo uma mão de pilão, símbolo das preferências gastronômicas do Orixá "Comedor-de-inhame-pilado."