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Babilónia (português europeu) ou Babilônia (português brasileiro) (em aramaico: בבל; romaniz.: Babel; em hebraico: בָּבֶל; Bavel; em árabe: بابل; Bābil; em acádio: Bāb-ili(m); em sumério: KÁ.DINGIR.RA) foi a cidade central da civilização babilónica, na Mesopotâmia, situada nas margens do rio Eufrates. As suas ruínas encontram-se a norte do centro da cidade atual de Hila, capital da província de Babil, no Iraque, situada 100 km a sul de Bagdade. Em pelo menos duas ocasiões, a primeira no século XVIII a.C. e a segunda no século VI a.C., foi capital da principal potência da Mesopotâmia e, nesses períodos, é possível que tenha sido a maior cidade do mundo, na qual existiam alguns dos monumentos mais impressionantes da Antiguidade e que ocupava uma área de cerca de 10 km² defendida por várias cercas de imponentes muralhas. O seu sítio arqueológico foi classificado pela UNESCO como Património Mundial em 2019.
Localizada numa região fértil e num entroncamento de importantes rotas comerciais, Babilónia tornou-se um destacado centro económico e cultural, desenvolvendo uma civilização complexa, sofisticada e cosmopolita, documentada por muitos registos arqueológicos que atestam o cultivo da educação, do comércio, da ciência, de diversas técnicas e da arte, florescendo num vasto conjunto urbanístico cortado por canais e rico em monumentos, templos e edificações imponentes. A sua sociedade era estratificada, dominada por uma nobreza e por altos funcionários do governo, embora pouco se saiba sobre a sua organização social. Foi também um ativo centro de culto, e a religião, de caráter politeísta, liderada por um clero rico e poderoso, exercia grande influência em vários aspetos da vida pública e privada e nas atividades de Estado.
É provável que no século XXVI a.C. já existisse um povoado no local e no século XXIII ou XXII a.C. era uma cidade menor do Império Acádio. No século XXII a.C. foi um centro administrativo secundário do Império de Ur. No início do século XIX a.C., tornou-se independente sob uma dinastia amorita, convertendo-se na capital do que é conhecido como Império Paleobabilónico, a maior potência do seu tempo na Mesopotâmia, cujos territórios chegaram a incluir toda a Baixa Mesopotâmia e o vale do Eufrates até Mari. A cidade atingiu então o seu primeiro apogeu, que culminou com o reinado de Hamurábi na primeira metade do século XVIII a.C.. Contudo, declinou a partir da segunda metade do século XVII a.C., devido a vários fatores internos e externos, e em 1 595 a.C. foi saqueada pelos hititas. Seguiu-se uma fase particularmente mal conhecida, durante a qual Babilónia foi governada por uma dinastia cassita, que se manteria no poder até ao século XII a.C. Seguiu-se um breve período em que grande parte do reino cassita esteve sob o domínio do Império Elamita, sucedendo-se um período em que voltou a ser a capital de uma grande potência regional sob a segunda dinastia de Isim, entre o último quartel do século XII a.C. e c. 1 025 a.C., quando se iniciou um período de grande instabilidade política e militar, que durou até à conquista pelos assírios no final do século VIII a.C. Sob o domínio assírio, Babilónia retomou alguma da sua importância no século seguinte e tornou-se novamente capital dum reino independente sob Nabopolasar, originalmente governador assírio, que, no final da década de 620 a.C., derrubou o Império Assírio. A cidade conheceu então um novo apogeu, principalmente durante o reinado de Nabucodonosor II (r. 605–562 a.C.), filho de Nabopolasar. Embora tenha perdido alguma importância durante os reinados que se seguiram, o império babilónico só cairia com a conquista da sua capital em 539 a.C. pelo Império Aqueménida.
Não obstante ter perdido muito do seu protagonismo anterior, Babilónia foi uma cidade importante no Império Aqueménida e durante o curto reinado de Alexandre na segunda metade do século IV a.C., que lá viveu durante alguns meses e patrocinou a restauração de monumentos e canais. Após a morte do imperador macedónio, a cidade foi duramente afetada pelas Guerras dos Diádocos. Durante o Império Selêucida, perdeu o seu estatuto de capital e helenizou-se. Embora mantendo alguma importância regional, foi declinando lentamente e, durante o Império Parta, em meados do século III a.C., começou a despovoar-se. Embora os seus grandes templos continuassem ativos e ainda fosse um centro de comércio no início do século I d.C., o local então já estava em ruínas. O templo principal ainda funcionava no início século III, mas desconhece-se quando a região foi completamente abandonada, o que sucedeu durante o Império Sassânida. No início do período islâmico, no século VII, não era mais do que uma pequena aldeia no meio de extensas ruínas.
Devido possivelmente à sua grande importância e esplendor numa região onde floresceram algumas das maiores civilizações da Antiguidade, às menções na Bíblia e ao seu desaparecimento relativamente precoce, Babilónia tornou-se gradualmente um mito, ainda durante o período clássico, que perdurou e ganhou contornos cada vez mais imaginários durante a Idade Média. Para a propagação dessa lenda, pode ter contribuído o facto de, até ao século XIX, Babilónia só ser conhecida através das menções bíblicas, nas quais a cidade aparece como símbolo do pecado e decadência, e por relatos de autores greco-romanos, os quais, ou nunca a visitaram ou só o fizeram quando dela mais não restavam nada além do que ruínas. Apesar da sua localização nunca ter sido esquecida, só no início do século XX é que se realizaram as primeiras escavações importantes, sob a direção do arqueólogo alemão Robert Koldewey, que desenterrou os principais monumentos. A importante documentação arqueológica e epigráfica descoberta na cidade, completada por informações provenientes de outros sítios arqueológicos antigos que tiveram relações com Babilónia, permitiram formar uma representação mais precisa da urbe, para além dos mitos. Tal não obsta a que haja grandes lacunas no conhecimento que se tem daquele que é um dos sítios arqueológicos mais importantes do Antigo Próximo Oriente, lacunas essas que persistem devido aos trabalhos arqueológicos estarem parados por causa da instabilidade política no Iraque desde 1990.